100 anos de desafios para se tornar o principal vetor da mobilidade urbana do século XXI
ÔNIBUS: UM SÉCULO DE HISTÓRIA. NTU Urbano. Brasília, outubro 2008. p. 4 e 5.
Um século. Esse foi o tempo necessário para que o ônibus deixasse de ser uma simples novidade para se tornar essencial à mobilidade urbana nos grandes centros do Brasil. A linha do tempo foi percorrida em meio a poeiras e asfaltos com muita perspicácia e coragem de humildes empreendedores, amantes da humanidade e do progresso. O início dessa história contou com pessoas que desbravavam caminhos para levar a sociedade ao futuro. Hoje, os ônibus cumprem muito bem essa função ao conduzir todos os dias 55 milhões de brasileiros ao seu trabalho, escola ou lar. O Brasil tem uma média de 14,3 bilhões de viagens por ano por meio desse modal, segundo relatório da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).
Cerca de 105 mil ônibus percorrem 8,1 bilhões de quilômetros por ano no país. O empresário e vice-presidente da NTU, Eurico Galhardi, compara o funcionamento do sistema de transporte público ao corpo humano, como forma de ressaltar a importância do ônibus nos dias atuais. “Enquanto os glóbulos vermelhos transportam oxigênio pelas artérias do corpo humano, os ônibus transportam as pessoas pelas vias da cidade, levando o progresso a todos os lugares”, afirma.
Valor histórico e social
Para o empresário de transporte público David Lopes de Oliveira, presidente da Federação das Empresas de Transportes do Ceará, Piauí e Maranhão (Cepimar), a história do ônibus é também a história de muitas famílias e comunidades. “Quando o transporte público começou, era tudo muito improvisado. Quem se arriscava nesse negócio sabia que não era lucrativo e o fazia por muita vontade mesmo. Não existia a menor infra-estrutura. Quem fazia as linhas também abria as estradas. Era tudo artesanal, os ônibus tinham oficinas, chassi e até combustível improvisados. Olhando para trás é que nos damos conta da longa história de sucesso que foi construída, e quase toda cidade brasileira passou por ela. No rastro das mercadorias, surgiu o interesse de transportar pessoas”, relembra. Herdeiro de uma dessas aventuras empreendedoras, o empresário se dedicou nos últimos dez anos a documentar os primórdios do ônibus no Nordeste. Em 2008, a Cepimar lançou o resultado desse trabalho, o livro De Ônibus – 140 anos nas estradas e cidades do Ceará. “Temos que valorizar esse passado, nele estão as nossas origens. Fizemos uma pesquisa vasta e muito reveladora que, além do livro, resultou em um dos maiores acervos de impressos sobre a história do transporte público com mais de 50 mil informações”, comenta Oliveira.
Dentre as revelações, Oliveira conta sobre a descoberta de um documento oficial datado de 1867 que autorizava empresários a construírem uma estrada para viabilizar o transporte público. Até dez anos atrás, não havia sido confirmado a existência de sistema de transporte no Brasil no século XIX. Após uma longa procura, foi encontrado um jornal de 1868 que pôs fim à expectativa de descobrir se havia ou não transporte público nesta época. O periódico trazia em suas páginas a tabela de itinerários das linhas regulares de omnibus (como o ônibus era chamado) de Fortaleza para Maranguape.
Nas décadas seguintes, a evolução do sistema de transporte público continuou a passos curtos devido à lenta resposta do poder público ao acelerado crescimento dos centros urbanos e da população. Foi na década de 1970 que surgiram as primeiras propostas para a melhoria do transporte coletivo utilizando-se os ônibus. Nas duas décadas seguintes, surgiram os ônibus articulados no Brasil e o transporte passou a fazer parte do planejamento das cidades. Muitos desafios do início dessa trajetória já foram superados. Porém, novos impasses surgem todos os dias nas vias urbanas, como os automóveis que competem por espaço de forma predatória, comprometendo a qualidade e eficiência do sistema; os altos custos dos insumos para manter o ônibus nas vias; a falta de incentivo do governo em priorizar a mobilidade das pessoas pelo transporte coletivo, e outros.
Mas os empresários do setor sempre estiveram e estarão receptivos a novas propostas para enfrentar os desafios que surgem no cotidiano. Afinal, uma das suas missões é oferecer um transporte, “verdadeiro sistema circulatório das cidades modernas”, com o máximo de eficiência e qualidade, transportando bens e pessoas com segurança e conforto.
Um amor diferente
As décadas de evolução do ônibus não transformaram só a forma de locomoção das pessoas. Muitos brasileiros adotaram o veículo como uma paixão, um amor, até mesmo uma fixação. “Ônibus não é simplesmente um veículo de 2 a 4 eixos para transportar passageiros. O ônibus é um meio de fazer a vida acontecer, por isso é um dos principais eixos da sociedade. Ao garantir que um dos mais nobres direitos do homem aconteça, ou seja, o “ir e vir”, o ônibus é parte vital de nosso quotidiano”, declara Delvanor Paz, auxiliar técnico de uma empresa de transporte e adepto da “busologia” – termo utilizado para designar a atividade do estudo do ônibus e assuntos relacionados. No Brasil, cerca de cinco mil pessoas cultivam esse hobbie.
Apaixonado pelo veículo desde criança, ele coleciona miniaturas e fotografias, participa de fóruns de discussão e fica horas admirando os veículos nos terminais. O busólogo encontrou no ônibus o seu sustento e a felicidade. “A minha alegria de viver também vem do volante de um ônibus porque há a incrível paixão - mesmo por apenas vê-lo - e a realização pessoal aqueles a quem o ônibus serve ainda de ganha pão. A realização do sonho se dá a cada nova jornada”, finaliza.
Cerca de 105 mil ônibus percorrem 8,1 bilhões de quilômetros por ano no país. O empresário e vice-presidente da NTU, Eurico Galhardi, compara o funcionamento do sistema de transporte público ao corpo humano, como forma de ressaltar a importância do ônibus nos dias atuais. “Enquanto os glóbulos vermelhos transportam oxigênio pelas artérias do corpo humano, os ônibus transportam as pessoas pelas vias da cidade, levando o progresso a todos os lugares”, afirma.
Valor histórico e social
Para o empresário de transporte público David Lopes de Oliveira, presidente da Federação das Empresas de Transportes do Ceará, Piauí e Maranhão (Cepimar), a história do ônibus é também a história de muitas famílias e comunidades. “Quando o transporte público começou, era tudo muito improvisado. Quem se arriscava nesse negócio sabia que não era lucrativo e o fazia por muita vontade mesmo. Não existia a menor infra-estrutura. Quem fazia as linhas também abria as estradas. Era tudo artesanal, os ônibus tinham oficinas, chassi e até combustível improvisados. Olhando para trás é que nos damos conta da longa história de sucesso que foi construída, e quase toda cidade brasileira passou por ela. No rastro das mercadorias, surgiu o interesse de transportar pessoas”, relembra. Herdeiro de uma dessas aventuras empreendedoras, o empresário se dedicou nos últimos dez anos a documentar os primórdios do ônibus no Nordeste. Em 2008, a Cepimar lançou o resultado desse trabalho, o livro De Ônibus – 140 anos nas estradas e cidades do Ceará. “Temos que valorizar esse passado, nele estão as nossas origens. Fizemos uma pesquisa vasta e muito reveladora que, além do livro, resultou em um dos maiores acervos de impressos sobre a história do transporte público com mais de 50 mil informações”, comenta Oliveira.
Dentre as revelações, Oliveira conta sobre a descoberta de um documento oficial datado de 1867 que autorizava empresários a construírem uma estrada para viabilizar o transporte público. Até dez anos atrás, não havia sido confirmado a existência de sistema de transporte no Brasil no século XIX. Após uma longa procura, foi encontrado um jornal de 1868 que pôs fim à expectativa de descobrir se havia ou não transporte público nesta época. O periódico trazia em suas páginas a tabela de itinerários das linhas regulares de omnibus (como o ônibus era chamado) de Fortaleza para Maranguape.
Nas décadas seguintes, a evolução do sistema de transporte público continuou a passos curtos devido à lenta resposta do poder público ao acelerado crescimento dos centros urbanos e da população. Foi na década de 1970 que surgiram as primeiras propostas para a melhoria do transporte coletivo utilizando-se os ônibus. Nas duas décadas seguintes, surgiram os ônibus articulados no Brasil e o transporte passou a fazer parte do planejamento das cidades. Muitos desafios do início dessa trajetória já foram superados. Porém, novos impasses surgem todos os dias nas vias urbanas, como os automóveis que competem por espaço de forma predatória, comprometendo a qualidade e eficiência do sistema; os altos custos dos insumos para manter o ônibus nas vias; a falta de incentivo do governo em priorizar a mobilidade das pessoas pelo transporte coletivo, e outros.
Mas os empresários do setor sempre estiveram e estarão receptivos a novas propostas para enfrentar os desafios que surgem no cotidiano. Afinal, uma das suas missões é oferecer um transporte, “verdadeiro sistema circulatório das cidades modernas”, com o máximo de eficiência e qualidade, transportando bens e pessoas com segurança e conforto.
Um amor diferente
As décadas de evolução do ônibus não transformaram só a forma de locomoção das pessoas. Muitos brasileiros adotaram o veículo como uma paixão, um amor, até mesmo uma fixação. “Ônibus não é simplesmente um veículo de 2 a 4 eixos para transportar passageiros. O ônibus é um meio de fazer a vida acontecer, por isso é um dos principais eixos da sociedade. Ao garantir que um dos mais nobres direitos do homem aconteça, ou seja, o “ir e vir”, o ônibus é parte vital de nosso quotidiano”, declara Delvanor Paz, auxiliar técnico de uma empresa de transporte e adepto da “busologia” – termo utilizado para designar a atividade do estudo do ônibus e assuntos relacionados. No Brasil, cerca de cinco mil pessoas cultivam esse hobbie.
Apaixonado pelo veículo desde criança, ele coleciona miniaturas e fotografias, participa de fóruns de discussão e fica horas admirando os veículos nos terminais. O busólogo encontrou no ônibus o seu sustento e a felicidade. “A minha alegria de viver também vem do volante de um ônibus porque há a incrível paixão - mesmo por apenas vê-lo - e a realização pessoal aqueles a quem o ônibus serve ainda de ganha pão. A realização do sonho se dá a cada nova jornada”, finaliza.
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