terça-feira, 25 de novembro de 2008

Para cada bebê que nasce, Belo Horizonte emplaca 4,5 veículos

Segundo BHTrans, que lançou no sábado última cartilha de educação no trânsito, em 2008, capital registrou, até agora, 29.091 nascimentos de bebês contra 133.232 veículos novos nas ruas
Frederico Bottrel - Estado de Minas
A qualidade do trânsito na cidade depende da mudança de postura de pedestres e motoristas, além do trabalho da empresa que faz seu gerenciamento, no caso de Belo Horizonte, a BHTrans. Essa é a principal mensagem do quinto e último fascículo da coleção Nas ruas de BH, distribuído pela empresa no sábado, em 55 pontos da capital. Cerca de 700 funcionários da companhia entregaram a pedestres e motoristas 150 mil cartilhas com noções básicas de mobilidade sustentável. O principal inimigo é a cultura do automóvel, que tem, de acordo com a BHTrans, sufocado o tráfego na cidade. O crescimento acelerado da frota de mais de 1 milhão de veículos já ultrapassa a curva de aumento da população. Neste ano, enquanto nasceram 29.091 pessoas, 133.232 veículos entraram em circulação, segundo a empresa. Na prática, mais carros que gente, daí o título do quinto fascículo (A cidade para as pessoas), com lições para mudar esse quadro. “Nos dias e horários de pico, não há mais espaço para as pessoas. Diante disso, a única solução é uma mudança de postura”, defende Humberto Paulino, gerente de coordenação, comunicação e educação da BHTrans. Por isso, diferentemente dos títulos anteriores da coleção (Limites de velocidade, Circulação, Estacionamento e Segurança), que relembravam regras de conduta no trânsito, o fascículo que encerra a série busca uma reflexão sobre o modelo de desenvolvimento de grandes centros urbanos. Como exemplos de cidades que conseguiram tirar motoristas e pedestres do caos, a cartilha cita Curitiba, Londres e Bogotá. “A tarefa de mudar como as pessoas se deslocam passa pela adoção da carona solidária, fazer pequenos deslocamentos a pé, usar a bicicleta , além do sistema coletivo”, explica Paulino. E esse é exatamente o entrave para a mudança de postura, de acordo com os próprios passageiros de ônibus e metrô, na capital. E também dos motoristas que não abrem mão do carro, como a aposentada Maria Piedade dos Reis, que recebeu a cartilha, elogiou a iniciativa, mas julgou como “muito complicada” a mudança de hábitos: “Não uso ônibus para não perder tempo, pois acho que ainda deixa a desejar”. Para sair do círculo vicioso em que motoristas e pedestres culpam a BHTrans e vice-versa, a prefeitura desenvolve o Plano de mobilidade urbana. A idéia é propor alternativas que valorizem o transporte público e nova forma de se deslocar pela cidade.
Acompanhe seu andamento na internet: www.planmobbh.com.br.
ENQUANTO ISSO EM...
CURITIBA Corredores exclusivos para ônibus, parecidos com os existentes nas avenidas Cristiano Machado e Antônio Carlos, são a opção que estruturou a cidade linear. Estações-tubo agilizam o embarque e desembarque de passageiros, que já pagam a tarifa antes de entrar no ônibus.
BOGOTÁ A capital colombiana implantou sistema com vias exclusivas para bicicletas e ônibus. Os veículos de transporte coletivos também são duplos e articulados, com pontos fixos de parada. A solução, batizada de Transmilênio, resolveu o problema da cidade de 6 milhões de habitantes.
LONDRES A medida foi radical: cobrar uma taxa de congestionamento dos automóveis particulares que circulam na área central. Resultado: menos poluição, menos engarrafamentos e mais recursos para o transporte público.
* Fonte: A cidade para as pessoas - Coleção Nas ruas de BH

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