Segundo BHTrans, que lançou no sábado última cartilha de educação no trânsito, em 2008, capital registrou, até agora, 29.091 nascimentos de bebês contra 133.232 veículos novos nas ruas
Frederico Bottrel - Estado de Minas
A qualidade do trânsito na cidade depende da mudança de postura de pedestres e motoristas, além do trabalho da empresa que faz seu gerenciamento, no caso de Belo Horizonte, a BHTrans. Essa é a principal mensagem do quinto e último fascículo da coleção Nas ruas de BH, distribuído pela empresa no sábado, em 55 pontos da capital. Cerca de 700 funcionários da companhia entregaram a pedestres e motoristas 150 mil cartilhas com noções básicas de mobilidade sustentável. O principal inimigo é a cultura do automóvel, que tem, de acordo com a BHTrans, sufocado o tráfego na cidade. O crescimento acelerado da frota de mais de 1 milhão de veículos já ultrapassa a curva de aumento da população. Neste ano, enquanto nasceram 29.091 pessoas, 133.232 veículos entraram em circulação, segundo a empresa. Na prática, mais carros que gente, daí o título do quinto fascículo (A cidade para as pessoas), com lições para mudar esse quadro. “Nos dias e horários de pico, não há mais espaço para as pessoas. Diante disso, a única solução é uma mudança de postura”, defende Humberto Paulino, gerente de coordenação, comunicação e educação da BHTrans. Por isso, diferentemente dos títulos anteriores da coleção (Limites de velocidade, Circulação, Estacionamento e Segurança), que relembravam regras de conduta no trânsito, o fascículo que encerra a série busca uma reflexão sobre o modelo de desenvolvimento de grandes centros urbanos. Como exemplos de cidades que conseguiram tirar motoristas e pedestres do caos, a cartilha cita Curitiba, Londres e Bogotá. “A tarefa de mudar como as pessoas se deslocam passa pela adoção da carona solidária, fazer pequenos deslocamentos a pé, usar a bicicleta , além do sistema coletivo”, explica Paulino. E esse é exatamente o entrave para a mudança de postura, de acordo com os próprios passageiros de ônibus e metrô, na capital. E também dos motoristas que não abrem mão do carro, como a aposentada Maria Piedade dos Reis, que recebeu a cartilha, elogiou a iniciativa, mas julgou como “muito complicada” a mudança de hábitos: “Não uso ônibus para não perder tempo, pois acho que ainda deixa a desejar”. Para sair do círculo vicioso em que motoristas e pedestres culpam a BHTrans e vice-versa, a prefeitura desenvolve o Plano de mobilidade urbana. A idéia é propor alternativas que valorizem o transporte público e nova forma de se deslocar pela cidade.
Acompanhe seu andamento na internet: www.planmobbh.com.br.
ENQUANTO ISSO EM...
CURITIBA Corredores exclusivos para ônibus, parecidos com os existentes nas avenidas Cristiano Machado e Antônio Carlos, são a opção que estruturou a cidade linear. Estações-tubo agilizam o embarque e desembarque de passageiros, que já pagam a tarifa antes de entrar no ônibus.
BOGOTÁ A capital colombiana implantou sistema com vias exclusivas para bicicletas e ônibus. Os veículos de transporte coletivos também são duplos e articulados, com pontos fixos de parada. A solução, batizada de Transmilênio, resolveu o problema da cidade de 6 milhões de habitantes.
LONDRES A medida foi radical: cobrar uma taxa de congestionamento dos automóveis particulares que circulam na área central. Resultado: menos poluição, menos engarrafamentos e mais recursos para o transporte público.
* Fonte: A cidade para as pessoas - Coleção Nas ruas de BH
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