terça-feira, 1 de outubro de 2013

Inserindo a Bicicleta na política de Mobilidade Urbana nas cidades brasileiras

Ciclistas: os ‘Pedalamigos’ das metrópoles
O simples prazer, ou mesmo a necessidade de usar a bicicleta como meio de locomoção ao trabalho, fazem do ciclista um importante indutor de políticas públicas que beneficiam a sociedade como um todo, seja no seu mero deslocamento, como também no aprimoramento da qualidade de vida de toda a população e do meio ambiente em que ela está inserida. O ciclista, nos dias atuais, não é mais aquela figura romântica e bucólica de um cenário antigo. Tornou-se personagem emblemático, responsável por uma prática indutora do bom e necessário deslocamento urbano. Através de sua atividade física, ele vai além de seu destino programado de viagem. O ciclista contribui de forma eficaz na melhoria estrutural do cenário das grandes cidades, cujo palco é o habitat da maioria da população.
Há algum tempo, a comunidade técnica ligada ao setor de trânsito e transportes continua a debruçar-se em solucionar, ou quiçá amenizar, os grandes problemas das pessoas ao se locomoverem no seu cotidiano. Nota-se uma dissociação entre o planejamento do sistema de transporte público, o crescimento acentuado da circulação de veículos particulares motorizados, incluindo motocicletas, o uso inadequado de ocupação do solo e a desejada proteção ambiental, do que dependem todas as gerações futuras que herdarão as conseqüências de decisões tomadas por políticas adotadas nesse empírico contexto. Infelizmente, ainda prevalece a visão da expansão continuada, da urbe emergente, sentenciando altos custos de infra-estrutura necessária para manter o padrão veicular que elege o automóvel como celebridade e protagonista, mas cujos efeitos negativos são distribuídos a todas as pessoas, mesmo aquelas que dele não fazem uso, mas pagam com impostos e com sua saúde afetada, a crescente e insistente permanência de uma expansão abrupta e desordenada, nos espaços ditos humanos.
Diversos estudos demonstram que nos grandes centros urbanos as vias de tráfego ocupam, em média, 70% do espaço público e transportam apenas de 20 a 40% dos habitantes. Esta triste configuração espacial permite a emissão de toneladas de poluentes no ar que respiramos, acompanhadas de congestionamentos quilométricos, diminuindo a fluidez do trânsito e aumentando, e muito, o tempo de viagem das pessoas, o que reduz sensivelmente sua qualidade de vida e o período necessário ao descanso de sua jornada de trabalho.
Nesse âmbito, a bicicleta como veículo de transporte não poluente, tem papel transformador em nossa sociedade. E, com muita alegria, notamos a crescente preocupação dos urbanistas em traçar inúmeras ciclovias integradas aos sistemas de transporte público.
Por outro lado, a implantação e crescimento das Ciclofaixas de Lazer resgatam, em corredor segregado, nos finais de semana e feriados, faixas de trânsito destinadas anteriormente apenas aos automóveis, e assim permitem, pela transformação de valores e finalidade temporária, que a família pedale pelas avenidas acessando parques, museus, praias e toda a gama de equipamentos urbanos reservados ao precioso lazer da população.
Dizem que a roda foi uma das maiores invenções da humanidade.
E percebemos que duas delas, em linha e não paralelas, não motorizadas e movimentadas pela propulsão humana, fazem bem ao corpo, à mente, e colaboram substancialmente com a saúde das pessoas, das cidades e do planeta.
Só nos resta agradecer aos "Pedalamigos” a sua indução social, um exemplo concreto na prática saudável de cidadania.
Dagoberto Vieira - chefe do Departamento de Educação para o Trânsito da Transerp – Ribeirão Preto

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