BRASÍLIA - Os R$ 50
bilhões prometidos pela presidente Dilma Rousseff para projetos em
mobilidade urbana não deverão pesar no desempenho das contas públicas
este ano. O processo de investimento pelas prefeituras é tão ou mais
lento do que o do governo federal, de forma que é praticamente
impossível essa verba ser traduzida, ainda em 2013, em obras ou etapas
de obras concluídas, que devam ser pagas pelo governo e causar impacto
no caixa federal.
Prova disso é o que ocorre hoje com as finanças do Ministério
das Cidades. Com R$ 89 bilhões disponíveis para gastar em obras de
mobilidade desde 2011, a pasta só conseguiu contratar R$ 40 bilhões. As
obras concluídas somam apenas R$ 2 bilhões. Outros R$ 3 bilhões foram
liberados para pagar etapas de projetos que ainda não ficaram prontos.
A principal explicação para esse desempenho fraco é o mesmo dado
pelos ministérios envolvidos com o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC): faltam projetos de qualidade. Ao contrário do que se via no País
até o fim dos anos 90, o problema não é falta de dinheiro. É conseguir
usá-lo.
"Tenho R$ 15 bilhões para gastar este ano e sou cobrado diariamente",
disse o ministro dos Transportes, César Borges, em recente conversa com
o Estado. "Nunca tive problema tão bom na minha vida." Há poucos meses
no cargo, ele tenta ter um desempenho melhor que seus antecessores, que
chegavam em dezembro sem conseguir contratar alguns bilhões do dinheiro
disponível, principalmente por falhas em projetos.
No caso da mobilidade e outros projetos a cargo do Ministério das
Cidades, o problema é mais agudo porque é preciso que duas máquinas
governamentais funcionem em sintonia: a federal e a municipal. Se há
despreparo na União, pior ainda é nas prefeituras, com raras exceções.
As manifestações que tomaram conta de todo o País, cujo estopim foi o
aumento das passagens de ônibus, colocaram a mobilidade no topo das
agendas governamentais. Esse fato é comemorado nos bastidores da pasta,
porque haverá pressão popular para que os prefeitos se empenhem mais em
usar as verbas.
Rito burocrático. E o ritual a ser cumprido pelas prefeituras para
conseguir recursos não é fácil. Quando é autorizado a gastar, o
Ministério das Cidades abre inscrições para que prefeituras apresentem
projetos candidatos a receber recursos. Esses passam por uma seleção,
após a qual as verbas começam a ser liberadas conforme o andamento das
obras.
O problema é que as prefeituras não conseguem elaborar projetos
adequadamente, até porque eles custam caro. Diante disso, o ministério
passou a liberar dinheiro também para financiar essa etapa.
Padronização.
Outros ministérios, como o da Saúde, da Educação e a Secretaria de
Aviação Civil foram mais adiante. Eles mesmos estão elaborando projetos
padronizados para oferecer às prefeituras. Isso vale para postos de
saúde, creches e aeroportos regionais, por exemplo.
No caso das creches, há planos até para ajudar as prefeituras a contratar a construção.
Outra
mudança adotada pelo Ministério das Cidades para dar mais celeridade
aos investimentos foi liberar parte dos recursos antes de a obra
começar.
Primeiro, os recursos só saíam quando 30% da obra estivesse pronta.
Assim, se a prefeitura não tivesse caixa para bancar a parte inicial do
projeto, ela não conseguia acessar a verba federal. As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo.
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