O pedido das cerca de 70 pessoas, que participaram do movimento – combinado pelas redes sociais -, não era nada demais. Eles ocuparam as ruas do Centro de BH pedindo um transporte mais democrático. Pode ter parecido algo abstrato, assim como vários gritos de 'justiça' ouvidos nos protestos em junho, mas os ciclistas mineiros cobraram às autoridades e continuam reivindicando.
Guilherme também integra a Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo), que discute ações voltadas ao uso da bicicleta como meio de transporte e monitora as ações dos gestores públicos em prol da mobilidade urbana focada nas bicicletas. A associação é tão forte e respeitada, que passou a ser ouvida com frequência pela BHTrans – órgão que controla o trânsito de Belo Horizonte – e hoje, nenhuma ação que envolva o ciclista é feita sem que a BH em Ciclo seja consultada. Tudo é discutido no grupo de trabalho, chamado de 'Pedala BH', é lá que os ciclistas dialogam, pressionam e cobram a prefeitura por ações efetivas, que contribuem para transporte por bicicleta.
Pedalando em BH
Atualmente, Belo Horizonte possui 50 km de ciclovias e, segundo a BHTrans, serão pelo menos 200 km até 2016 e 360 km até 2020, com um custo de R$ 150 mil por cada quilômetro de ciclovia. Mas boa parte das 31 ciclovias da cidade estão com problemas graves, que foram apontados pelos usuários.
Em outubro do ano passado, a BH em Ciclo apresentou um relatório detalhado mostrando as condições de todas as ciclovias da capital, o que resultou em duas audiências públicas na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Com o documento em mãos, os ciclistas pressionaram a prefeitura, que prometeu corrigir todos os problemas das ciclovias.
Um dos problemas mais enfrentados pelos ciclistas é a falta de orientação e respeito de motoristas. Em setembro deste ano, o estudante Claiton Bernardes Cabral, de 12 anos, morreu após ser atropelado por uma carreta, que manobrava em uma rotatória na Pampulha. O jovem, que participava de um projeto social que apoia esportes para crianças carentes, estava pedalando com os pais na orla da Lagoa da Pampulha e foi atingido ao atravessar a rotatória. No local, é proibido o trânsito de veículos pesados. O motorista fugiu sem prestar socorro.
De acordo com levantamento da BHTrans, em 2008, 0,5% dos deslocamentos feitos na cidade eram de bike e a meta é para que esse número suba para 6% em 2020. Para isso, outras ações além das ciclovias, deverão ser executadas. “Já em novembro será aberto o edital para a licitação das bicicletas compartilhadas em Belo Horizonte, a exemplo do que já ocorre em cidades como Barcelona, Paris e Rio de Janeiro. Todos os novos prédios públicos, comerciais e os grandes residenciais só recebem alvarás de funcionamento, se tiverem bicicletários instalados. Vamos investir em um grande projeto de educação no trânsito com foco no ciclista, mas que envolva o motorista, o pedestre e o motociclista também”, prometeu o diretor de planejamento da BHTrans, Célio Freitas.
Situação ideal
Com tantos problemas e ideias, qual seria o modelo perfeito para uma convivência mais saudável entre carros, ônibus, motos, pedestres e ciclistas? A BHTrans foi buscar a resposta no México. A capital do país é referência em campanhas que incentivam o uso da bicicleta e já foi premiada por ter um trânsito sustentável. Boa parte dos méritos é do consultor de Mobilidade e Espaço Público, Jesús Sánchez Romero. O mexicano leva em seu currículo, oito anos em experiência em planejamentos de ciclovias no México, Guatemala, Costa Rica, Peru e Colômbia e agora ele desembarcou em Belo Horizonte para dar assessoria no Plano de Mobilidade da capital e fará um encontro com técnicos de trânsito na próxima sexta-feira (01).
Em conversa com o Vrum, o especialista disse que não adianta apenas construir boas ciclovias. “Uma ciclovia não é nada sem um trabalho de políticas públicas e muita educação”, comentou. Segundo Sánchez, em alguns casos, é mais perigoso pedalar na ciclovia, do que dividir a via com outros carros.
A situação ideal, de acordo com ele, seria a implementação de zonas 20 e 30, por exemplo. Hoje, nenhuma cidade brasileira adota esse sistema de trânsito, mas seria o ideal para a boa convivência entre carros, motos, bicicletas e pedestres. Belo Horizonte é elegível a ser a primeira cidade brasileira a adotar essa metodologia, pois, segundo a BHTrans, funcionaria muito bem nas ruas do hipercentro da capital.
Nessas ruas, a velocidade máxima permitida seria de 30 km/h, assim, eliminaria a necessidade de ciclovia, pois as bicicletas poderiam circular nas mesmas vias dos demais veículos. Esse tipo de sistema já é sucesso em várias cidades no exterior. As ruas contam com desenhos estratégicos, como curvas (zigue-zague), elevação do piso e redutores.
Segundo o Observatório de Segurança Viária da Espanha, se um carro trafega a 30 km/h, 30% dos atropelados saem ilesos, 5% morrem e 65% ficam feridos. Se o carro trafega a 50 km/h, somente 5% saem ilesos, 45% morrem e 55% ficam feridos. Se o carro trafega a 65 km/h, ninguém sai ileso, 85% morrem e 15% ficam feridos. Se o carro trafega a 80 km/h ou mais, ninguém sai ileso e (praticamente) 100% morrem.
Com tantos problemas e ideias, qual seria o modelo perfeito para uma convivência mais saudável entre carros, ônibus, motos, pedestres e ciclistas? A BHTrans foi buscar a resposta no México. A capital do país é referência em campanhas que incentivam o uso da bicicleta e já foi premiada por ter um trânsito sustentável. Boa parte dos méritos é do consultor de Mobilidade e Espaço Público, Jesús Sánchez Romero. O mexicano leva em seu currículo, oito anos em experiência em planejamentos de ciclovias no México, Guatemala, Costa Rica, Peru e Colômbia e agora ele desembarcou em Belo Horizonte para dar assessoria no Plano de Mobilidade da capital e fará um encontro com técnicos de trânsito na próxima sexta-feira (01).
Em conversa com o Vrum, o especialista disse que não adianta apenas construir boas ciclovias. “Uma ciclovia não é nada sem um trabalho de políticas públicas e muita educação”, comentou. Segundo Sánchez, em alguns casos, é mais perigoso pedalar na ciclovia, do que dividir a via com outros carros.
A situação ideal, de acordo com ele, seria a implementação de zonas 20 e 30, por exemplo. Hoje, nenhuma cidade brasileira adota esse sistema de trânsito, mas seria o ideal para a boa convivência entre carros, motos, bicicletas e pedestres. Belo Horizonte é elegível a ser a primeira cidade brasileira a adotar essa metodologia, pois, segundo a BHTrans, funcionaria muito bem nas ruas do hipercentro da capital.
Nessas ruas, a velocidade máxima permitida seria de 30 km/h, assim, eliminaria a necessidade de ciclovia, pois as bicicletas poderiam circular nas mesmas vias dos demais veículos. Esse tipo de sistema já é sucesso em várias cidades no exterior. As ruas contam com desenhos estratégicos, como curvas (zigue-zague), elevação do piso e redutores.
Segundo o Observatório de Segurança Viária da Espanha, se um carro trafega a 30 km/h, 30% dos atropelados saem ilesos, 5% morrem e 65% ficam feridos. Se o carro trafega a 50 km/h, somente 5% saem ilesos, 45% morrem e 55% ficam feridos. Se o carro trafega a 65 km/h, ninguém sai ileso, 85% morrem e 15% ficam feridos. Se o carro trafega a 80 km/h ou mais, ninguém sai ileso e (praticamente) 100% morrem.
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